30 de outubro de 2007

Folha

[Dedicado a todas as folhas que ainda não manchei com as minhas palavras...]


Folha,
Quero destruir essa pureza,
Esse tom fresco e monótono,
Beleza pobre sem leveza,
Sem chama, sem cinza, sem morte...

Quero traçar-te sem fim,
Linhas achadas por momentos...
Quero encontrar risadas,
Choros lentos e soluçantes,
Bravos, Brilhantes, enfim...

Não sei porque paro,
Ou porque começo...
Folha, quero que fujas,
Que te percas na cidade perdida,
Que te leves sem rumo e sem regresso...
Vai:
Sê feliz longe da vida...


[Qual a razão de termos folhas ao nosso alcance se não nos esmeramos ao máximo para as tornarmos atraentes para nós próprios?!
Se todos largássemos as nossas folhas, essas ruas que nos rodeiam seriam muito mais alegres e acolhedoras: forradas de tudo o que mexe com quem nos é querido (incluindo nós próprios...)!]

2 comentários:

Persefone disse...

"Que palavras mudas esconde uma folha em branco? Que suspiros de alma estão escritos nas suas entrelinhas?
Que segredos não quer contar e que triste pedaço de lixo vai um dia ser.
A grafite desvanece com o passar dos anos e o que já foram clamores são agora silenciosos borrões cinza.
As mãos que escrevem entorpecem, esfriam e morrem.
E a folha branca fica amarela, castanha. E depois já nem é folha, já não guarda nada da memória colectiva ou individual. Já não conta histórias nem acende imaginações.
É lixo. Um pedaço inútil e desprezado do Mundo. Não serve para nada - nem para aparar as lágrimas que um dia foram choradas sobre ela.
Porque uma página em branco é um Mundo por explorar.

À página que ainda ao bocadinho estava em branco."

Dua visões sobre o mesmo assunto. Curiosamente tinha isto no meu caderno. Tive de passar para aqui.

Fica bem

Maria Natália Pinto disse...

Lindo, lindo. E a reflexão final está excelente, não poderia estar mais de acordo :)