11 de abril de 2008

A Satisfação do Eterno Insatisfeito (III)

Dizem-me que sou um vencedor mas há muito que não conheço a vitória. Se a tive não reparei mas se por momentos a desejei então não fui verdadeiro.

O que é a vitória senão um conjunto de sentimentos que se traduzem num contentamento geral e numa sensação de estagnação?! Não quero essa vitória... Nem essa nem todas aquelas que dizem que vou tendo à medida que os dias passam e continuo sem conseguir arranjar maneira de mudar o amanhecer... Não sei se será minha inépcia ou uma má vontade disseminada... Não sei
porque não vejo resolvidos os meus medos...

Um dia perguntaram-me se eu tinha medos... E eu respondi que não há maneira de reagir à eterna insatisfação que a vida tão gentilmente me proporciona sem ser tendo medo. Talvez estivesse errado... Mas não posso nem quero perder tempo com o meu medo; há tanto trabalho pela frente, tantas noites sem dormir, tantos momentos irrepetíveis, tantos versos que não fazem sentido mas a seu tempo farão, tantas pessoas para me apresentarem os seus mundos, tanto sol, tanto mar, tanta vida! Há tanto e tão pouco tempo!

7 de abril de 2008

A Satisfação do Eterno Insatisfeito (II)

Já assisti a muitos e variados amanheceres por esse mundo fora! Já palmilhei areais e serras que não era suposto estarem acessíveis à limitada capacidade humana para apreender a beleza. E nem assim descanso, porque sei que existe algures algo que me surpreenderá e que me dará ainda mais força para mudar o que precisa de ser mudado; o que precisa da minha inquestionável mudança.

Tenho vindo a tentar aprender com quem tem algo a ensinar. Um pouco aqui, um pouco acolá; se conseguir juntar toda esta sabedoria espalhada conseguirei enfim encontrar a minha realização!

E se ela não surgir?! Não tinha pensado nisso... Logo eu que prevejo tudo... Suponho até que não vá surgir, que a dê como certa tal é a minha motivação e a minha força. Ainda assim, mesmo que surja, não perderei muito tempo a vangloriar-me! O mérito não está na conquista mas sim onde e como investimos o que conquistamos!

Devo ser um eterno insatisfeito... E sinto-me bem com isso...

3 de abril de 2008

A Satisfação do Eterno Insatisfeito (I)

Façam-me um favor e deixem de pensar que, por momentos, fui infeliz.

Não existe tal estado de espírito. Das duas uma: ou estamos felizes ou estamos à procura dessa felicidade e esse estadio não implica necessariamente a existência do oposto do que procuramos.
Por isso, e porque realmente nunca o fui, não sou infeliz... nem serei!

E isso vê-se na maneira como acordo de manhã e anseio pela vinda de novos desafios, pelo sol incauto que pauta os céus sonolentos a seu bel-prazer, pela água que me acorda e refresca, pelo barulho que me recorda a vida e a forma como os outros têm poder para alterar o meu percurso...

Medo?! Não... Respeito pelo futuro, companheirismo por quem está ao meu lado e desejo de mais, mais e mais... Porque não fomos criados para assistir a este sol, a este preciso incauto sol que nada tem de novo, dia após dia, semana após semana, vida após vida... Tenho, portanto, medo de adormecer e de, por artes mágicas que desconheço (mas um dia conhecerei), esse sol mudar sem que eu tivesse contribuído para a mudança!

O meu marco neste mundo será esse...