"Não sou profeta mas Portugal acabará por integrar-se na Espanha."
"Não deixaríamos de falar português, não deixaríamos de escrever na nossa língua e certamente com dez milhões de habitantes teríamos tudo a ganhar em desenvolvimento..."
"Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla la Mancha e tínhamos Portugal. Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria."
"Não iríamos ser governados por espanhóis, haveria representantes dos partidos de ambos os países (...) num parlamento único com todas as forças políticas da Ibéria, e tal como em Espanha, onde cada autonomia tem o seu parlamento próprio, nós também o teríamos."
José Saramago, in DN 15-07-2007
José Saramago. Escritor premiado com o Prémio Nobel da Literatura em 1998. Autor de numerosas obras onde se enquadram romances, ensaios, contos, etc. Antigo director do Diário de Notícias. Comunista convicto e ateu. Português (*). Casado com Pilar del Rio. Actualmente residente em Lanzarote nas Ilhas Canárias, Espanha.
Este génio da literatura é também conhecido (além do seu ímpar uso da pontuação) pelas declarações polémicas que volta e meia lembra-se de proferir. Em 2003, por exemplo, em São Paulo, Saramago dirigiu-se aos Judeus como "não merecedores de simpatia pelo sofrimento que passaram durante o Holocausto".
Ah, maldição da escrita... Esqueci-me de acrescentar no breve sumário que fiz do autor " Naciolista ferrenho, inigualável Patriota", porque, de facto, Saramago defende com unhas e dentes aquela que, no fundo, considerará a sua Pátria: Espanha.
Sim! Vamos renegar 9 séculos de História e esquecer que somos o país europeu com as suas fronteiras delineadas há mais tempo! Vamos olvidar que um dos mais negros períodos da História de Portugal foi vivido com a Dinastia Filipina (que por acaso foi constituída por três Reis Castelhanos)! Ah, sim: vamos desprezar o facto de Espanha ser em si uma mescla de culturas e povos que não se entendem e que buscam incessantemente a independência uns dos outros!
E Saramago mantém a sua toada certeira e meticulosa, avançando com nomes para as províncias e país dessa junção originados; propondo um sistema político justo para todos os intervenientes do processo; profetizando (oh, profetizando!) as maravilhas que do ponto de vista económico adviriam da perda da identidade nacional de cerca de 10 milhões de falhados, iletrados e vendidos!
Sim! É realmente notável... Impossível guardar qualquer reticência de tão paradisíaco cenário!
Ou será que... Hmmm...
Pensando bem, provavelmente tudo não terá passado de um mal-entendido... Talvez um mau-uso verbal de umas quantas vírgulas, uns pontos finais e uns pontos de exclamação que o Jornalista do DN não deve ter conseguido descortinar... Aliás, que mais justificaria a total perda de identidade de tão notável cidadão nacional?!
Nada...
No entanto, de tudo isto, vem à tona uma dúvida recorrente: como é que sendo a passividade (em conjunto com alguma incapacidade, convenhamos...) apontada como a principal razão para a situação em que Portugal se encontra, surge também ela mesma como a solução para todos os nossos problemas... Então é cruzando os braços e entregando o nosso território e a nossa soberania a outro País que vamos fazer de Portugal a potência política e económica que não é?!
* aguardando confirmação.
[as opiniões expressas não visam ofender nenhum dos intervenientes, incluindo eu próprio.]
19 de julho de 2007
16 de julho de 2007
Superstars
É disto que são feitos os nossos sonhos?!
O que são os sonhos?!
Porque nascem e pairam misteriosos na linha do horizonte que separa a imaginação da realidade?!
Porque se esfumam e nos deixam presos à nossa própria solidão (aquela que construimos com a nossa alma gémea, sem o saber...)?!
Ninguém sabe, mas são sonhos... E apenas isso justifica a sua existência... E que bem sabe adormecer depois de vê-los cumpridos...
["Superstars" é o novo single de David Fonseca, na minha opinião, um dos mais virtuosos músicos e compositores da Nova Música Portuguesa. Para mais informações, sintam-se livres para visitar o blog ou o seu site]
9 de julho de 2007
Solidão
Nascemos; provamos ao mundo que somos muito mais que um conjunto ordenado de células que manifestam um bailar sincronizado e pungente, fértil em manifestações de poderio e brilhantismo; provamos que somos mais do que o que nos dão e que, se o somos, é porque não queremos colocar em xeque tudo o que nos oferecem; provamos que, se existimos, é porque algum valor nos deve ser conotado e porque algo temos a realizar.
Crescemos; aprendemos com os erros que cometemos e com aqueles que vemos os outros cometer; aprendemos a olhar o mundo em volta e a identificarmo-nos com aqueles momentos fugazes que retratam as concretizações dos nossos recalcamentos mais profundos; aprendemos a viver.
Vivemos; cumprimos os mais belos e sinistros desígnios que nos estão incomensuravelmente destinados; damos aso aos magníficos mecanismos intra e extracelulares que permitem o intercâmbio de sinais e energias, matéria e anti-matéria; cumprimos a tarefa de ganhar e perder; ganhamos e perdemos.
Estagnamos; olhamos para trás e fazemos o balanço do que foi a expressão de toda a nossa informação genética; olhamos para a frente e contamos os dias para o fim; olhamos para o lado e perecemos porque vemos que fizemos esse percurso altivos, persistentes, sozinhos.
Morremos.
Crescemos; aprendemos com os erros que cometemos e com aqueles que vemos os outros cometer; aprendemos a olhar o mundo em volta e a identificarmo-nos com aqueles momentos fugazes que retratam as concretizações dos nossos recalcamentos mais profundos; aprendemos a viver.
Vivemos; cumprimos os mais belos e sinistros desígnios que nos estão incomensuravelmente destinados; damos aso aos magníficos mecanismos intra e extracelulares que permitem o intercâmbio de sinais e energias, matéria e anti-matéria; cumprimos a tarefa de ganhar e perder; ganhamos e perdemos.
Estagnamos; olhamos para trás e fazemos o balanço do que foi a expressão de toda a nossa informação genética; olhamos para a frente e contamos os dias para o fim; olhamos para o lado e perecemos porque vemos que fizemos esse percurso altivos, persistentes, sozinhos.
Morremos.
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