28 de outubro de 2006

São segredos incautos

São segredos incautos
Sem serem breves nem belos.
Talvez famintos, talvez exaustos…
Talvez presos a elos perenes
E a novelos de um fio perdido…

São mais que memórias ou contos,
Menos que um sem fim de histórias…
Esquecem-se das certezas absurdas,
Das verdades resolutas e fiéis…
Lembram-se dos nós e dos pontos!

Existe a sua morada esquecida
E todo o seu sentido perdido.
Resquícios de sons e cores,
Sabores de uma Pérsia antiga
Que segue e seguia a sua vida… a sua via!

Finta o destino e a sorte
É este o remoque da controvérsia?
Gira em torno de um fio perdido
E pára para ver um sonho adormecido…
Esconde-se numa recordação
E num coração que teima em bater.

Mostra-me o que não quero ver…
Olha para o reflexo do meu ser…

27 de outubro de 2006


Cada dia que passa sinto-me mais pronto para esta vida, para este mundo...

Cada dia que passa olho para esta foto com saudade... (praia... mar... sol...)

Não me julguem um veraneante convicto mas sim alguém que sabe olhar para este infinito com saudosismo e respeito...

Tanto se passou... E tanto ainda se passará...

Cheira a formol

O amanhecer chegara mais cedo do que o previsto... Entre cada movimento sonolento surgia unicamente um contínuo amaldiçoar àquele malfadado toque sucessivo e irritante que trouxera uma luz que há muito já raiava.
Não havia tempo a perder: a necessidade de colocar em p´rática todos os hábitos quitidianos irrompia por esses neurónios todos e contagiava galopantemente cada músculo, cada glândula, cada olhar...
Este metro cheira a formol! será premonição ou desejo recalcado?! Será um sonho?! Um sopro incerto provindo das profundezas de cada bocejo?! Será uma brincadeira?! Uma espécie de gincana em versão mais selvagem e citadina que me coloca à prova sem avisar os demais sentidos?! Porquê o olfacto?! Porque não a visão ou o tacto?! Porque é que, invariavelmente, este metro chega ao seu destino, deixando para mim uma longa e penosa caminhada...?!
Enfim, sou eu que moldo esta viagem... Sou eu que escolho as sinfonias que ouço e que permitem que este tempo passe e que de uma aurora incauta e ignorante nasça um ocaso tão pesado e escuro mas culto, sábio e observador...
este comboio cheira a formol! Ou então sou eu que já cheiro a formol... Sou eu que trago este cheiro putrefacto e revelador de actividades que verificam um sangue frio essencial e, simultaneamente, um calor que perdura e possibilita esta luta...
Deixem-me cheirar a formol! Deixem-me camuflar este olhar profundo e temerário de um qualquer pseudo-violador que está no meu campo visual. Porque desde que seja eu a carregar este fardo (este "anel do Poder" feita de uma substância química ainda por descobrir), ninguém se pode insurgir desta calma, desta melodia...
O sol voltará a nascer... Esperemos por essa manhã...

15 de outubro de 2006

Vivo

Vou mostrar ao mundo o movimento de translação
360˚ num dia, venha o Verão...
Volta completa, sem uma chegada prevista
A minha seta, confirma o meu golpe de vista
Não aprofundo a frase que te faz sorrir
Um segundo é tempo para ficar ou fugir
Achas que os maus momentos são inultrapassáveis?
Achas que os ventos que nos assolam vão ser sempre estáveis?
Não desejo nada para um futuro ainda tão vazio
Estou com medo que este calor se transforme em frio...
Não vou lutar (para já) porque tudo ainda á tão incerto
Só sei que não fico em mim quando não estás por perto
Acerto na questão que ainda não foi colocada
Contigo o meu coração tem lotação esgotada!
Em todas as épocas, sem bilhete, sem preço
Aqueles que me fazem bem são aqueles que não esqueço
Mas não há divida quando não há nada a receber
O troco do carinho é a amizade e o prazer...
Sem compromisso, este é o vício que nos corrompe
Incautamente, o teu toque nunca me interrompe
Beijos, abraços, lágrimas, acenos e outras saudações...
Pontos, reticências, vírgulas e exclamações...
Interrogo-me apenas se é suficiente
Tão inseguro, não posso ser clarividente
É ponto assente o contínuo longo suspirar
O verbo rima no silêncio do teu belo olhar...

Interrompo o raio para ver se ainda estou vivo...
Prossigo? Só se me disseres quando me esquivo...
De tanto azar que carrego sem uma nobre causa
Não tenciono parar, fazer uma pausa.
Achas que pare? Achas que ande? Achas que diga?
Achas que o verbo é a razão para uma boa briga
Sustenta hoje o bater do meu coração
Não é um pedido. Tu já fazes sem teres noção
A minha ilha deserta providencia o meu retiro
Não são as tuas susceptibilidades que eu hoje firo
Ataco a velha guarda por esquecer o respeito
Salvaguardo a felicidade a que tenho direito
Só eu não aplico os meus próprios conselhos
Só eu me esqueço que há pessoas não têm espelhos!
E que falta faz: ver o mundo por outra perspectiva
Pensar que tudo se resume a uma função injectiva
Resumir o infinito num punhado de algarismos
Sentir o mundo firme durante os últimos sismos...
Tudo turvo, sem cor definida, sem um rumo
Até o anjo querer que não houvesse resumo
Contigo vi que é difícil reagir de maneira correcta
Quando o coração é que pensa e a razão não afecta
O poder da vida mora na força com que nós amamos
O sentido da vida mora na mão que nós seguramos
Não importava resolver cada problema que vinha
Tudo é belo se olhares para o lado e não estiveres sozinha

É simultâneo o pensamento que leva à acção
Recebe hoje o novo hino do meu coração
Porque tenho necessidade de escrever o que sinto
Mergulhar as minhas mágoas num copo de absinto
Descobrindo novas qualidades e novos horizontes
Desfrutando de novas paisagens e novas fontes
Olho para ti quando só eu te consigo ver
Não esqueci as lágrimas que ouvi escorrer
E luto todos os dias para te ver sorrir
Tento dar força para encarares o que vem a seguir
Não é fácil ver quem gostamos a sofrer
Mentalizada que na vida já não há prazer
Não é com lágrimas que se contraria a seca
Nunca te esqueças que não é o coração que peca
Quero que saibas que para mim és especial
És a pessoa que torna este verso imortal
Sabes que a realidade dos factos nem sempre é feia
Tens razão: não se deve recear o que se anseia
Saúde, amor e paz, enfim, a felicidade
Ter alguém ao nosso lado para toda a eternidade
Com calma, nunca devemos baixar os braços
Um dia o destino irá atar os nossos próprios laços
Coincidentes ou não, teremos que esperar para ver
Ser«á que os nossos momentos podemos esquecer?
Receios, medos, dúvidas, incertezas:
Por que razão não criamos virtudes das fraquezas?
Fustigar o que é aparente, fútil e mesquinho
O que me aquece hoje é o nosso carinho
Tarde de verão, noite de Inverno...
Sem ti a hipotermia assola o meu meio interno
Sinto a batida do verbo na minha própria mão
Não há espaço, na verdade, nem sei que horas são
Tudo pára; mas algo gira no meu pensamento
Fazer-te sentir especial é aquilo que tento!
Fecho os olhos, durmo, acordo a pensar em ti...
As minhas derrotas não se comparam àquilo que venci...

(agora que surge este tão aguardado crepúsculo, decido comçar com um poemaque marca todo o meu ser... foi escrito num momento em que sonhava com um novo amanhecer e, aos poucos, verificava que ele se ía aninhando nos meus pés... e no meu coração... ainda vivo, meu anjo!)

O raiar...

Nasceu...
Já se sente este novo crepúsculo que, embora reticente, fervilha de emotividade e nostalgia...
Ao longo de todo o seu tempo de vida, o atlas irá mostrar-vos o seu mundo numa viagem subjectiva e à qual ninguém poderá ficar indiferente... Porque se aqui estão, auto-viabilizaram a iluminação do breu em que se encontram...
Saudações...