25 de março de 2007

Os sonhos libertam a alma

[Para alguém que gosta de poesia...
E que ficará decerto chocada ao saber que este "poema" não é o cumprimento de uma promessa feita... é apenas mais um instrumento lúdico... obra de arte dirão os dementes...]


Os sonhos libertam a alma,
Dão asas a seres enublados...
São fonte de paz e de calma,
Refugio de choros fadados...

São caminhos jamais existentes
Se somos não mais que o real...
Alimentam miragens vigentes,
Não curam nem trazem o mal!

Sonho, segredo ou legado...
Peça de um xadrez invisível...
Mar nunca dantes navegado
Plágio talvez exequível...

Parte para um mundo seguro:
amor, cegueira esquecida...
é a dor que suscita o impuro...
é o sonho que desperta a vida...




[Porque aqui há dias tive um sonho...
Um sonho que me fez pensar nos sonhos porque me levou à realidade, mostrando-me aquilo que o meu inconsciente me tem vindo a dizer ultimamente...
Felizmente tenho um super-ego que me impede de tentar transformar a utopia numa situação concreta, impossibilitando assim também muitos risos e outras tantas desilusões... Porventura... Ninguém o pode dizer... Ninguém o pode saber...
Ninguém pode, inclusivamente, inferir acerca do "dono" deste sonho... Nem eu...]

13 de março de 2007

O Poço

[para a musa...
não porque já conheça este poema...
não porque esteja à espera deste poema...
mas porque conhece a minha definição de "poço" melhor do que ninguém...
espero que esse conhecimento nunca decorra de experiência própria...]


És o culminar de um esforço,
A porção ignóbil de um pesadelo...
És o princípio de um remorso,
e da dor com que tento esquecê-lo...

Aqui estou, deitado, inerte...
Lavado em fluidos agrestes e repetidos...
Esquecendo o amor que reverte
para os que são magoados e esquecidos...

Não sei porque permaneces vazio...
Esperando esse vácuo que apregoo ser meu...
Não sei porque és a foz do meu rio,
A nascente de um renovado "eu"...

Despeço-me numa névoa de esquecimento,
Vago no destino e na oração...
Voltarei se assim ordenar o vento,
Se o tempo for mais um marco de negação...



[porque existe sempre esta névoa, este medo...
este recalcamento freudiano...
chamem-lhe o que quiseram...
todos nós temos um poço...
o meu é este... e fica aqui retratado...]

2 de março de 2007

Sinto que o meu sangue se esvai em mim



Sinto que o meu sangue se esvai em mim
E perco tudo o que sonho ser em sumários segundos;
O ser ausente traz uma memória em catadupa
E faço mil folhas apenas de um livro sem fim…

O Sol ilumina o que a Lua deixou no breu
E vejo, enfim, o fluido coagulado que de mim provém
Peço clemência, força, audácia, tudo o que já tive…
Esqueço a minha sombra: verdadeiro milagre do céu!

São mais as expressões que os músculos em movimento
São mais os factos que as teorias que invento
São mais hesitações que os passos que tento
São mais as protecções que as noites ao relento…

Adeus… Vou partir para tempos de outrora…
Adeus… Segredo louco que no peito vigora…
Hoje parto leve sem o sangue que a alma derramou!
Sou sempre claro: o Sol em mim nunca brilhou…


[infindáveis bolhas de melancolia e seres ausentes, inexistentes...
paisagens efémeras e contraditórias...
o querer ser um outro "eu"... ou o estar farto de se ser um "eu" que busca um outro "eu"...]