19 de julho de 2007

União Ibérica

"Não sou profeta mas Portugal acabará por integrar-se na Espanha."

"Não deixaríamos de falar português, não deixaríamos de escrever na nossa língua e certamente com dez milhões de habitantes teríamos tudo a ganhar em desenvolvimento..."

"Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla la Mancha e tínhamos Portugal. Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria."

"Não iríamos ser governados por espanhóis, haveria representantes dos partidos de ambos os países (...) num parlamento único com todas as forças políticas da Ibéria, e tal como em Espanha, onde cada autonomia tem o seu parlamento próprio, nós também o teríamos."

José Saramago, in DN 15-07-2007

José Saramago. Escritor premiado com o Prémio Nobel da Literatura em 1998. Autor de numerosas obras onde se enquadram romances, ensaios, contos, etc. Antigo director do Diário de Notícias. Comunista convicto e ateu. Português (*). Casado com Pilar del Rio. Actualmente residente em Lanzarote nas Ilhas Canárias, Espanha.

Este génio da literatura é também conhecido (além do seu ímpar uso da pontuação) pelas declarações polémicas que volta e meia lembra-se de proferir. Em 2003, por exemplo, em São Paulo, Saramago dirigiu-se aos Judeus como "não merecedores de simpatia pelo sofrimento que passaram durante o Holocausto".

Ah, maldição da escrita... Esqueci-me de acrescentar no breve sumário que fiz do autor " Naciolista ferrenho, inigualável Patriota", porque, de facto, Saramago defende com unhas e dentes aquela que, no fundo, considerará a sua Pátria: Espanha.

Sim! Vamos renegar 9 séculos de História e esquecer que somos o país europeu com as suas fronteiras delineadas há mais tempo! Vamos olvidar que um dos mais negros períodos da História de Portugal foi vivido com a Dinastia Filipina (que por acaso foi constituída por três Reis Castelhanos)! Ah, sim: vamos desprezar o facto de Espanha ser em si uma mescla de culturas e povos que não se entendem e que buscam incessantemente a independência uns dos outros!

E Saramago mantém a sua toada certeira e meticulosa, avançando com nomes para as províncias e país dessa junção originados; propondo um sistema político justo para todos os intervenientes do processo; profetizando (oh, profetizando!) as maravilhas que do ponto de vista económico adviriam da perda da identidade nacional de cerca de 10 milhões de falhados, iletrados e vendidos!

Sim! É realmente notável... Impossível guardar qualquer reticência de tão paradisíaco cenário!

Ou será que... Hmmm...

Pensando bem, provavelmente tudo não terá passado de um mal-entendido... Talvez um mau-uso verbal de umas quantas vírgulas, uns pontos finais e uns pontos de exclamação que o Jornalista do DN não deve ter conseguido descortinar... Aliás, que mais justificaria a total perda de identidade de tão notável cidadão nacional?!

Nada...

No entanto, de tudo isto, vem à tona uma dúvida recorrente: como é que sendo a passividade (em conjunto com alguma incapacidade, convenhamos...) apontada como a principal razão para a situação em que Portugal se encontra, surge também ela mesma como a solução para todos os nossos problemas... Então é cruzando os braços e entregando o nosso território e a nossa soberania a outro País que vamos fazer de Portugal a potência política e económica que não é?!


* aguardando confirmação.

[as opiniões expressas não visam ofender nenhum dos intervenientes, incluindo eu próprio.]

3 comentários:

Dusk disse...

Grande coincidência! Estive precisamente hoje a falar sobre isto…lol
Eu DETESTO Saramago, aliás não sei porque se fala tanto dele, só pode ser pela quantidade de disparates que diz!
Não sei como aquela besta ortográfica (e desculpa a expressão) ganhou um prémio Nobel! Considero isso um atentado à Língua Portuguesa! Acho que se um dia fizerem algo do género “As sete desgraças do mundo!” ele terá co, certeza um lugar no pódio!
Portugal uma província – PROVÍNCIA – de Espanha, era só o que faltava! D. Afonso Henriques é que deve andar as voltas no túmulo!

Maria Natália Pinto disse...

Sou obrigada a discordar contigo.

Não que eu seja da opinião que Espanha deva governar Portugal, longe disso. Mas neste assunto particular, venho em defesa do grande escritor que é José Saramago.

Em primeiro lugar, Saramago não está a propor a rendição do nosso engenhoso povo lusitano à Espanha, apenas insinuou que uma união entre os dois países poderia resultar num acordo mutuamente proveitoso. Os nove séculos de história não seriam renegados, nem nenhum português teria de negar a sua pátria.

Esta união sugerida por Saramago (sugerida, e não defendida com paixão, afinal, ele não está a organizar nenhuma revolução contra o nosso actual governo, pelo menos não que eu tenha conhecimento) poderia significar um grande progresso para Portugal. Orgulho patriótico de lado, também tem de ser considerada a melhoria das condições de vida de milhares de portugueses. Orgulho à frente de bem-estar? Qual ganhará?

Quanto à tua referência à Dinastia Filipina, realmente foi um período negro para Portugal, mas há também que admitir que já se passaram uns aninhos desde o ocorrido. O nosso país já passou por pior a comando de governantes portugueses.

O problema da tal passividade dos portugueses ficaria certamente resolvido, já que com o apoio e presença constante de governantes estrangeiros, talvez as nossas incapacidades se desvanecessem e o nosso próprio governo aprendesse alguma coisinha.

Sou da opinião que as pessoas devem manter a sua mente aberta. O patriotismo extremo e absoluto é sinónimo de cegueira, só traz problemas e atrasa o desenvolvimento.

E este discurso todo por causa de uns comentários de José Saramago, provavelmente ditos num momento de distracção!

Gostei muito do blog! E obrigada pela visita ao Wildwood, és muito bem-vindo!

Anónimo disse...

O Pepe Zaramago que se acautele, quando Espanha der por isso estará encolhida, afinal até os Andaluzes se dizem uma nação.
Talvez o Zaramago tenha de conseguir um passaporte das Canárias.

Em Espanha é tradição fuzilar gente por traições muito menores.
Muitos gritariam "Zaramago al paredón!!!!"

Perro Andaluz ou Cão Atlântico?
É irrelevante.

Para nós o que verdadeiramente importa é a
Portugaliza