14 de maio de 2007

O homem que mergulhava nos seus sonhos (parte II)

O homem que mergulhava nos seus sonhos tinha pequenos conhecimentos de astronomia: sabia unicamente que existia uma lua e um sol no seu horizonte e que estes dois astros se revezavam na iluminação periódica dos seres que todos os dias ele encontrava nos mesmos espaços. Desconhecia por completo o modo como o cosmos se organizava e estava intrinsecamente envolvido no desenho dos seus caminhos repetidos e gastos; desconhecia inclusivamente que fora esse mesmo cosmos que o fez acordar de muitos pesadelos que resultaram em pouco mais que alguns tremores e rotações periféricas.

O homem que mergulhava nos seus sonhos não sabia nadar e fazia desse o seu objectivo. Apesar de possuir em si a impagável capacidade de voar, este ser incauto sentia que a água era um elemento muito mais suave que os ares poluídos e inabitados pelos quais ele costumava planar... E, por isso, todas as noites ele tentava uma incursão aquática nos seus sonhos mas nunca aguentou mais do que alguns segundos...

Certo dia (ou deveremos dizer, certa noite), ele decidiu munir-se de novos caminhos: novas ruas, novos passeios, novas casas, novas cidades, novos seres... Decidiu descobrir como funciona afinal o cosmos e porque continuam a caminhar aqueles que se cruzavam consigo na sua rotina perdida. Decidiu escolher histórias novas e estórias velhas, palavras gastas e palavras límpidas como as aguas que o esperavam para uma nova tentativa de mergulho.

Esse dia pareceu nunca mais ter fim...

1 comentário:

Laura Brown disse...

Prosa!

Micronarrativa? Não, já está demasiado longo... A propósito, há pouco tempo descobri mais uns tipos de escrita, de poesia. Já ouviste falar em poetrix? Tenho de te falar disso e de outros*