20 de janeiro de 2007

// a lei, a lei, outra vez a lei... //

Sara Damaia,

Não acho que sou aquele ser terrível que busca prazer na desgraça dos outros ou busca prazer no sangue derramado...

Não acho mesmo que seja aquele tipo de pessoa que acha que qualquer crime seja punido com pena de morte e que, quanto ao caso particular, ele seja praticado de ânimo leve (pelo menos para já...).

Contudo, aquela frase "polémica" que referiste no teu comentário vem a propósito dum princípio que eu acho que deve ser primordial para o bom funcionamento duma sociedade: a igualdade... Como podemos esperar um bom funcionamento do nosso sistema judicial se por um lado achamos que certos crimes não devem ser punidos...?! Por isso, eu acho que um aborto feito no desrespeito da lei vigente deve ser punido de acordo com a mesma, tal como outro crime qualquer...

Daqui partimos para a questão principal: deverá o aborto ser despenalizado?!

Ora bem, eu até posso admitir que três anos seja uma pena pesada... Mas temo não conseguir conceber a limitação do número de abortos ao abrigo duma lei que o considera crime não passível de pena... É isso que todo este processo de reflexão teórica que levantaste em torno da questão que nos será colocada no dia 11 de Fevereiro não prevê e nunca poderá assegurar...

Receio que muitos apoiantes do "sim" não aceitem o aborto "em si mesmo" como um acto positivo... Mas mesmo assim optem pela despenalização duma mulher por razões relacionadas com a carga psicológica subjacente ao acto...

Portugal não funciona à base da rédia curta... (e não estou aqui a defender a rede apertada...) E a ausência de rédea trará mais diferenças, mais desigualdades, mais injustiças, mais mortes, mais problemas psicológicos mas (enfim) menos problemas de saúde pública e humilhações...

Será a vida um bom preço a pagar?!

[pergunta ou reticência...]

Sem comentários: