14 de janeiro de 2007

// justiça // saúde pública //

[para melhor compreender esta reticência, será melhor lerem previamente o comentário do post "// contra //"...]


Laura,

Realmente, do ponto de vista médico, podemos abordar o aborto de acordo com as nossas convicções éticas ou de acordo com aquilo que julgámos ser os princípios básicos da saúde pública...

Tu achas que o aborto, quando realizado clandestinamente, torna-se um problema de saúde pública... Eu acho que o aborto, como não está legal, não pode nem deve ser realizado, no seguimento daquilo a que vulgarmente chamámos "lei"... Como tal, a não existência de abortos, não trará os problemas que abordas no teu comentário e a criança que nascerá, tal como os seus pais, deverão ser acompanhados e apoiados por uma segurança social responsável.

Agora, o ponto de vista da humilhação da mulher aquando do julgamento é algo que me fascina... Porque não há maneira de eu o conseguir entender... Até podemos partir do princípio que a lei é pesada e que não faz sentido alguém que cometeu um crime como o aborto ser presa juntamente com toda uma panóplia de transgressores da lei... Mas isso é falsear a questão! O facto é que em Portugal, salvo algumas excepções, é proibido realizar um aborto e, como tal, toda e qualquer pessoa que o faça, tem de se sujeitar às barras dos tribunais!!

No meu ponto de vista, a humilhação não é ser julgada num tribunal... A humilhação é transgredir a lei!!! O facto de ser julgada em tribunal é apenas uma consequência...

Estaria até na disposição de ver a lei do aborto ser menos pesada... Nunca abolida!

Quanto às questões das salas de chuto, trata-se de um caso totalmente diferente, em que a dimensão ética e científica não permite causar qualquer espécie de sombra na do aborto. Além disso, a existência de salas de chuto não liberalizaria totalmente o uso de drogas... Não nos podemos esquecer que na questão do aborto estámos não só a falar da saúde da mãe - física e psicológica que é, em princípio, salvaguardada na lei actual - como também da sobrevivência de um outro ser...

Não confundamos as situações...

E finda mais uma reticência...

[deixem a vossa...]

2 comentários:

Anónimo disse...

Oh, já discutimos o assunto tanta vez e nunca nenhum de nós muda de ‘lugar’.

E sabes como te estimo e como admiro a forma como expressas e defendes as tuas ideias, maaaaaas tenho.te a dizer qe, neste caso, nem pareces tu.

A 'Laura' tem razão. E mais não é preciso dizer.
Desculpa.me mas não se pode discutir um assunto com alguém que se recusa a perceber qual é o tema em qestão..
Não se trata de se ser a favor ou contra o aborto mas sim de deixarmos de ser hipócritas e de fazer de conta qe as coisas não existem só porque são proibidas.

E sabes, fico perplexa qnd dizes: ‘toda e qualquer pessoa que o faça, tem de se sujeitar às barras dos tribunais!!’.
Esqueceste-te de dizer: ‘excepto aqelas qe vão a Espanha faze-lo, por exemplo’. Sim, nesse caso já não são vistas como criminosas nem têm de se sujeitar às barras dos tribunais.
É precisamente essa lei qe existe em Portugal qe qeremos qe seja alterada.

Ah, por favor, não tratemos este tema como um jornalista da tvi trataria, explorando ao máximo todos os pontos polémicos qe nada têm a ver com a questão em si e qe só servem para desviar a atenção do qe realmente interessa.

(continuo a gostar de ti..*)

Persefone disse...

Penso que o unico argumento que me pesa contra é que o aborto venha a ser praticado nos hospitais e finaciado pelo SNS.
Quanto as salas de chuto dizias tu que é um outro problema, mas eu discordo! Então também não está uma vida em jogo? Aquelas pessoas (atenta que já não discutimos algo tão indefinido como um feto) estão a por em risco a sua sobrevivencia e tu estarias a permitir-lhes isso!
Concordo contigo em muitos pontos, muito embora seja mais pelo sim do que pelo nao, mas com isso não posso por uma questão de corencia.
Ah, e não te esqueças que não dizeres que despenalizas não estás a dizer que concordas com que seja feito, só dizes que não reconheces isso como um crime. Há muitas coisas que consideramos más e que não são crimes,e nem por isso dizemos a toda a gente para as fazer!
Eu acho que este problema está a ser aumentado e hiperinflamado pelos nossos politicos, ha coisas bem mais graves para pensar do que tentar dar resposta a um dilema que penso que concluiremos que é insoluvel.
De qualque forma, parabéns pela forma como fomentaste o debate, apresentaste ideias bastante boas.
Eu como já disse não tenho grande opinião sobre o assunto, mas acho que não devemos prender alguém porque fez um aborto (e dai a compraticipar esse acto vai um GRANDE passo).


Inês Gonçalves