11 de abril de 2008

A Satisfação do Eterno Insatisfeito (III)

Dizem-me que sou um vencedor mas há muito que não conheço a vitória. Se a tive não reparei mas se por momentos a desejei então não fui verdadeiro.

O que é a vitória senão um conjunto de sentimentos que se traduzem num contentamento geral e numa sensação de estagnação?! Não quero essa vitória... Nem essa nem todas aquelas que dizem que vou tendo à medida que os dias passam e continuo sem conseguir arranjar maneira de mudar o amanhecer... Não sei se será minha inépcia ou uma má vontade disseminada... Não sei
porque não vejo resolvidos os meus medos...

Um dia perguntaram-me se eu tinha medos... E eu respondi que não há maneira de reagir à eterna insatisfação que a vida tão gentilmente me proporciona sem ser tendo medo. Talvez estivesse errado... Mas não posso nem quero perder tempo com o meu medo; há tanto trabalho pela frente, tantas noites sem dormir, tantos momentos irrepetíveis, tantos versos que não fazem sentido mas a seu tempo farão, tantas pessoas para me apresentarem os seus mundos, tanto sol, tanto mar, tanta vida! Há tanto e tão pouco tempo!

1 comentário:

Persefone disse...

Acredito que o dia mais triste das nossas vidas coincidiu com aquele em que nós olhámos o mar e percebemos que ele era milhões de vezes maior que nós.
Acredito que a nossa maior angústia foi quando um dia pisávamos as folhas mortas do outono e nos apercebemos que nos juntaríamos a elas também.
Acredito no entanto que toda esta consciência opressiva que nos faz os únicos seres vivos melancólicos do Universo (até ver) nos torna também melhores: porque pusemos um prazo excessivamente curto à nossa felicidade.