16 de setembro de 2007

Uma vida a retalho (III)

"Dará Dezembro duas dúzias de dons de escrita?
Almejarei o que ela suscita ou ressuscita;
Limita o poema sem tema, sem trave mestra
Acaba aqui o discurso que nem chega a palestra..."

Os códigos são extremamente importantes, a não ser que sejam de barras... Aí o caso muda de figura... Não se pode continuar a alimentar um monstro que vai galgando espaço continuamente e que pode, de um dia para o outro, extravasar o seu domínio horizontal e envergar o estatuto transversal...
Os códigos escondem palavras que nunca deveriam ser escondidas pelos seus autores... Apesar de tudo, por alguma razão, foram codificadas: para manter o mistério, para alimentar a dúvida e a procura, para simbolizar tudo o que nunca foi dito mas deveria ter sido...
Os versos não têm códigos (só alguns)... Os versos apenas têm o dom de nos remeter para um Dezembro que se tornou no fim de muito mais do que um ano civil...
Acaba aqui um discurso que nunca foi discurso... Acaba aqui algo que já teve o seu término há muito tempo atrás, término esse que foi revestido de características que lhe imputaram a responsabilidade de um (re)início...
As pessoas não acabam, os sentimentos não acabam, as memórias não acabam... Apenas os discursos acabam (ou mudam de sentido)...
Isto não é infelicidade nem tortura... É apenas uma pequena pena que cumprimos por aquilo que eu "roubei ao céu"...

3 comentários:

Maria Natália Pinto disse...

Atlas, adorei os três textos! Simplesmente lindos, lindíssimos! Nem consigo escolher entre os três! :D
Boa! :)

expressões singulares disse...

Tres textos fantasticos, onde cada um nos revela o seu ponto fulcral...
claro que nao posso negar que este ultimo me chame um pouco mais a atençao devido a ter algumas pequenas chamadas, ainda que indirectamente, para a linda area do meu estudo...codigos, ano civil e coisa e tal,remete-nos po direito...lol :)
bem atlas espero continuar a ver textos assim como estes, cheios de qualidade :)*

Anónimo disse...

tendo o meu comentario no blog passado se perdido algures nao sei onde... e apesar de saber que este nao ficara igual ao anterior... vou tentar escrever outro...

Além de querer dizer que adorei... tenho ainda a afirmar que nao percebi como coisa...

Como e k tu, a pessoa que mais gosta de falar por códigos... e esconder certas coisas dizes:
"Os códigos escondem palavras que nunca deveriam ser escondidas pelos seus autores..."

Será qe os codigos nao deveriam mesmo ser escondidos?... será que nao sao esse codigos que tornam as acções mt mais especiais... diferentes e unicas de cada um?

Eu penso assim... e por acaso estranhei esta tua frase... pode ser que um dia me consigas explicar...

**

(vamos ver se ag ele fica!!)