9 de julho de 2007

Solidão

Nascemos; provamos ao mundo que somos muito mais que um conjunto ordenado de células que manifestam um bailar sincronizado e pungente, fértil em manifestações de poderio e brilhantismo; provamos que somos mais do que o que nos dão e que, se o somos, é porque não queremos colocar em xeque tudo o que nos oferecem; provamos que, se existimos, é porque algum valor nos deve ser conotado e porque algo temos a realizar.

Crescemos; aprendemos com os erros que cometemos e com aqueles que vemos os outros cometer; aprendemos a olhar o mundo em volta e a identificarmo-nos com aqueles momentos fugazes que retratam as concretizações dos nossos recalcamentos mais profundos; aprendemos a viver.

Vivemos; cumprimos os mais belos e sinistros desígnios que nos estão incomensuravelmente destinados; damos aso aos magníficos mecanismos intra e extracelulares que permitem o intercâmbio de sinais e energias, matéria e anti-matéria; cumprimos a tarefa de ganhar e perder; ganhamos e perdemos.

Estagnamos; olhamos para trás e fazemos o balanço do que foi a expressão de toda a nossa informação genética; olhamos para a frente e contamos os dias para o fim; olhamos para o lado e perecemos porque vemos que fizemos esse percurso altivos, persistentes, sozinhos.

Morremos.

5 comentários:

Anónimo disse...

Sozinhos??? Será mesmo que fazemos este percurso sozinhos???
Morremos... e verdades... mas nao olhando para traz e percebendo que estivemos sozinhos.... ou pelos menos, somos nos os responsaveis para que as coisas assim nao aconteçam... e as coisas nao tem, na minha opiniao que ser assim...!!!
Concordo, no entanto, que nao somos um amontoado de celulas.. e que aprendemos com os nossos erros e com os dos outros...
mas para aprendermos a viver... para ganharmos e perdermos para cumprirmos os mais belos e sinistros designios que nos estao incomensuralvelmente destinados... temos que estar acompanhados... temos que ter alguem ao nosso lado... e nao sozinhos!!!

Beijo***

Dusk disse...

Com que então nao estavas inspirado...nao tinhas sobre o que escrever...hmm saiste-te bem!

Ainda bem que voltaste ;)

Persefone disse...

não estamos sozinhos. Temos um Universo de estrelas que nos guiam, um cosmos repleto de materia que nos ama.
so temos de acreditar neles e deixar que nos deem a mao

Laura Brown disse...

Lembrei-me do Donnie Darko. O cão afasta-se para morrer sozinho. Morremos sós. E ainda bem, não seria bom levarmos gente connosco. Mas enquanto cá estamos, a solidão de sermos um só, um único, tem de se juntar a outras solidões iguais e assim seremos um pouco menos do que apenas nós.
(saí do exame de psicologia agora, perdoa-me a filosofia do momento*)

Anónimo disse...

Ora bem... a minha primeira reação a este post terá de ser inevitávelmente uma reação de contentamento... que bom que voltaste a postar... tava já com saudades de ler... e de tentar descodificar akilo que as tuas palavras codificam... eheh... não sou mto boa nesta tarefa, mas vá com o treino pode ser que a cena começe a ir melhor... =D

E agora vem o comentário ao post propriamente dito...

Dizes tu que durante a fase de estagnação da nossa vida... olhamos para trás e fazemos como que um balanço de toda a nossa existência... e sabes, se eu nessa altura olhasse para o lado e não visse outras informações geneticas a acompanhar o meu percurso... então o balanço... o balanço da minha vida seria bastante negativo...

E digo mais nuninho... o k seria da minha informação genética... o k seria do meu amontoado de celulas... o k seria da minha insignificante matéria... sem todos akeles outros amontoados de células k fazem a minha vida ter algum sentido???

Tenho só uma coisa a acrescentar... como tu bem dizes algum valor nos deve ser conotado na nossa vida... e tu, acredita k tens MTO valor... e mais não digo =D

*Bjinho**