20 de janeiro de 2007

// declarações infelizes //

Foi com grande espanto que assisti na televisão às mais recentes declarações da Exma. Sra. Procuradora-Geral Adjunta Maria José Morgado...

Trata-se duma das mais notáveis magistradas do Ministério Público Português cujo trabalho se foca frequentemente no combate à corrupção no país à beira mar plantado (recorde-se o processo Apito Dourado"...

Dia 17/01/07, Maria José Morgado teve a oportunidade de tecer alguns comentários na "qualidade de cidadã e jurista" acerca da temática que aqui abordo na Assembleia da República, numa conferência organizada pelo grupo parlamentar do PS e intitulada "Sim à Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez".... Defendeu que o aborto ilegal "é um negócio de dinheiro sujo" que potencia a corrupção, comparando algumas clínicas que realizam abortos em Portugal às "slot machines" dos casinos.

Quis com isto dizer, que o voto sim no referendo de dia 11 de Fevereiro é a decisão mais responsável e aquela que evita o catapultar das situações explicitadas...

Bem, isto é, no mínimo, preocupante... Trata-se, na minha opinião, duma situação clara de submissão ao poder do "lobby abortivo"... Hoje em dia são os senhores dos negócios sujos que lucram com o aborto mas quem lucrará após a sua (provável) despenalização?! O governo?! As clínicas privadas?! Quem me garante que as últimas não possam ver em Portugal o potencial para forrarem os seus cofres, aliciando o aborto em jovens que o possam vir a fazer duma forma não irreflectida, mas imatura?!

E, acima de tudo, quem me garante ver na Procuradora-Geral Adjunta uma firmeza e uma vontade de resolver alguns dos problemas de corrupção deste país maiores do que aquela atitude submissa e incrivelmente derrotista que a "cidadã e jurista" Maria José Morgado patenteia nos seus comentários?! É a isto que estamos entregues?! É nisto que depositámos esperanças num Portugal mais justo?!

Duvido...


Outras declarações infelizes foram as do Sr. deputado do PCP Bernardino Soares
Passou muito despercebido, mas o facto de ter acusado o Ministro da Saúde de defender o "não" à interrupção involuntária da gravidez em plena Assembleia da República foi um desrespeito total pela liberdade d escolha e de expressão, demostrando esquecimento imperdoável por personagens históricas do seu partido que lutaram e sofreram para que um referendo como o que veremos no dia 11 fosse possível...

Às vezes convém reflectir um pouco...

À atenção dos meus caros visitantes...

1 comentário:

Laura Brown disse...

Fiquei estupfacta com o que disseste em relação às declarações da Maria José Morgado. Parece que não compreendeste nada do que ela quis dizer. Ao manter esta lei, o dinheiro vai ser sempre sujo e as clínicas, por serem clandestinas e os únicos de recursos de muitas mulheres que decidem fazer aborto (porque sempre as haverá), colocam os preços que lhes apetecer. Isto é que é o lobby do aborto. Ao manter a lei, o dinheiro nunca será controlado, se houver clinicas publicas e controladas pelo estado, não é o governo que lucra, são as mulheres que pretendem abortar, não só por tudo o que já falámos em relação a segurança e a informação mas também porque não são roubadas pelo clandestino totalitário.
Esta é uma lei para os pobres, porque os ricos até fazem de borla onde lhes apetecer, não são os ricos que aparecem aos tribunais...