17 de novembro de 2006

Anjo

Este poema está aqui com o consentimento de quem devido...
Mas foi escrito sem o consentimento dessa pessoa...
Talvez por isso o tenha conseguido produzir... Talvez por isso tenha demorado tanto tempo a produzi-lo...


Sinto-me tão saudoso…
Tão ciente de um “eu” esquecido
E de um pesaroso erro,
Malfadado, entorpecido,
Perro, por demais enfermo…
Eras tu, anjo meu…
Eras tu que falavas do termo saudade
E o matavas de seguida com esse sorriso…
Ah… Sim, é isso!
Faz um esforço, recorda!
Era plano, era baixo relevo…
Revelo esse doce enlevo
Neste verso que agora escrevo
E nessa lágrima que transborda!

Sinto-me tão realizado…
Tão fresco no teu abraço,
Embebedado na tua saliva,
Embalado em todo o teu espaço…
Fui escasso, fui um embaraço…
Mas, porque surge o teu toque?!
Porque surge o teu aroma?!
Porque sou a soma desses sons sibilantes,
Estridentes e errantes
Num coração em coma?!

Sinto-me tão vazio…
Tão cheio da tua ausência…
Irritado por este “ser eu”
E esta coisa a que chamam clemência…
Nem um pio…
Retiro esse tecto esguio
E a porta por onde devia sair.
Sai antes tu…
Vai dizer que estou fato!
Vai dizer que sofres… e eu também…
Mas estou vivo… e tu também…
Vive essa vida a que tentas pôr cobro,
Diz viva ao verbo, ao pretérito
E a esse mérito a soldo!
Volta hoje à palma da mão que arranjo…
Porque és um anjo sem asas…
E voas na minha alma…
Sempre…

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom Dia

Primeiro fiquei sem palavras, porque depois de ler e sentir as tuas parece que as minhas nunca vão conseguir exprimir-se da mesma forma.
Gosto do principio, do meio e do fim. Cada verso está precisamente no lugar onde devia estar e embora eu não conheça a história deste poema, acho que consigo sentir um bocadinho do que sentiste ao escreve-lo.
É completamente delicisoso. Aliás, como tu.

Beijo*