5 de fevereiro de 2008

A Anarquia

[Que nunca mais se fabriquem grades como dantes...]


Surgiu finalmente o senso comum!
A morte das Teorias e das Leis exactas...
O assassínio em massa dos génios que nos dão conforto;
É tema de conversa em todo o lado!
Não há esquina, beiral, patamar ou mercado
Que se negue ao sabor adocicado do silêncio ignorante
Que a montante deste marco era pecado mais que pecado:
Heresia para os crentes, discrasia para os dementes!

É tempo de revoluções e cataclismos!
É tempo de abandonar a prisão: já não se fabricam grades como dantes...
É tempo de comprar cadernos, canetas e lapiseiras:
Que não se apaguem enganos fortuitos!
Esqueçam-se verbos e outros conceitos esquisitos...
Não existem mais essas regras,
Penso, logo escrevo!
Sou livre...
E só preciso deste par de olhos para o saber...


[Este poema tem já alguns meses... Na altura surgiu através da extrema necessidade de romper um vazio criativo que, de certo modo, se encontrava ligado à suposta necessidade de seguir determinados padrões estéticos...
Daí a desorganização, o tom guerreiro e revoltoso e a diferença para com o que já tiveram oportunidade de ler...]

1 comentário:

Persefone disse...

embora muito aquem da minha "Ode ao buraco da minha Sapatilha" o teu poema também tem algum conteúdo relevante.
Por exemplo pessoas como eu que, inegavelmente não sabem escrever bem que faziam melhor em estar caladas graças à sociedade pseudo-anárquica imperialista de expressão tenho à minha disposição vários meios de azucrinar todos aqueles que foram abençoados com algum bom gosto: sendo esta via de comunicação um deles.
Fazes bem em postar nesta época conturbada das nossas vidinhas. Eu quando quiser reanimar o conspirações vou ter de chamar os bombeiros de alijó.

E agora a ode:
"O buraco na minha sapatilha
Areja o meu calcanhar
E faz um barulho melódico ao caminhar
A cratera no tecido
Transforma as minhas meias num embebido
De lama e folhas outonais.
E tal e tal e cenas mais"